terça-feira, 28 de março de 2006

Dois pés esquerdos

Estava eu, despretensiosamente, passeando pelo blog de um jornalista esportivo de grande renome por nossas bandas verde-amarelas, quando deparei-me com uma constatação.

O jornalista dizia, em meio a seu primoroso modo de argumentação, que Ricardinho havia jogado melhor no último clássico devido à ausência de Roger.

Com todo o devido respeito, não gostei. Lembrei-me de uma velha discussão de botequim, na qual uns diziam que a presença de dois canhotos no meio-campo era prejudicial à equipe. Decidi argumentar:

A linha de frente da seleção brasileira é composta pelo gaúcho mais habilidoso do planeta, seu fiel escudeiro, técnico e tático, Kaká, o gorducho e o Imperador da Vila Cruzeiro. Muitos dizem se tratar do melhor ataque canarinho dos últimos tempos.

Pois temos, no meio campo, dois destros. Ótimo, sem quaisquer comentários.

O Mago tem ao seu lado, no meio campo do Barça, Deco. Outro fiel escudeiro de muita técnica e com senso tático apurado. Destro.

Gaúcho não parece ter seu futebol prejudicado jogando ao lado dos dois meias. Ninguém jamais ousou comentar: -Esse cara não pode jogar com o Ronaldinho, ele também é destro!

Aliás, não me lembro de ter escutado, em toda a minha vida, sequer uma reclamação a respeito de um time com dois destros na meiuca.

O mesmo não ocorre em relação aos que acariciam a gorducha com seus pés esquerdos.

Muitos dirão que, como são maioria, os destros já estão acostumados a jogar com outros destros. Pois bem, no dia em que deixarem dois canhotos jogarem juntos quem sabe eles se acostumem.

Que palmeirense ousaria preferir Marcinho e Alceu a Rivaldo e Djalminha?

Ou será que Marcinho e Corrêa compõem um meio campo muito mais produtivo do que Ricardinho e Roger?

Não que Carlos Alberto ou Rosinei sejam jogadores de baixa qualidade técnica, mas Roger passa por um momento muito mais brilhante (é o melhor meia do Corinthians este ano) e, convenhamos, não tem nada a ver com Ricardinho.

Roger joga mais à frente, é aquele número 1 do velho lobo. Ricardinho é um maestro na armação de jogadas. É o homem que tira a bola dos pés do cabeça de área e a coloca (majestosamente) sob os cuidados de pés que a tratem com carinho, sejam estes direitos ou esquerdos.

Roger tem um pé esquerdo carinhoso, que, por sua vez, envia a redonda aos pés velozes e furiosos dos matadores, quando não diretamente ao fundo do barbante.

Destro ou canhoto, quem atuar à frente de Ricardinho vai jogar próximo à meia lua, na mesma exata posição.

Se forem devidamente posicionados por seus professores, grandes jogadores formarão grandes equipes.

O nome do pé que roça a pelota é um vão detalhe. Ou Júnior não foi um grande lateral esquerdo?

2 comentários:

André Carvalho disse...

Se meu time tivesse onze canhotos bons de bola, eles seriam os onze titulares.

Anônimo disse...

realmente eh uma discussao antiga,assim como o junior ,nos bons tempos do mengo, batia um bolao na esquerda com o pe direito,(fenomeno mais comum do q na outra lateral,alias tao incomum q nao tenho lembranca de nenhum lateral direito q batia com a esquerda)nao tem sentido afirmar q um time perde o equilibrio quando dois canhotos atuam juntos no meio de campo, o q vale eh a qualidade,a aplicacao tatica e tecnica, o resto eh conversa pra encher coluna de jornal.....certo ? um abraco