sexta-feira, 14 de abril de 2006

O exorcismo santista



E o primeiro campeão da Era Gorducha no Barbante é o Peixe. Foi um título pra exorcizar muita coisa na Vila Belmiro. Primeiramente, o Santos não era campeão paulista desde 1984, quando Serginho Chulapa (hoje auxiliar técnico de Luxemburgo) estufou as redes corintianas e correu pro abraço. O tempo em que o Santos ficou sem ganhar um caneco dentro da Vila Belmiro foi maior ainda, desde 1965, ou seja, em plena fase áurea de Pelé, Coutinho e cia.

Entretanto, o que realmente tranqüilizou o torcedor santista foi ver o time campeão sem o ex-ídolo Robinho. Muitos acreditavam que o Peixe entraria em uma nova fila. Torcedores rivais, aliviados com a saída do carrasco rival, gritavam “timinho, viúva do Robinho”. O desejo deles era que o Santos voltasse a ser coadjuvante no cenário futebolístico, como foi durante a negra fase que pairou na Vila por alguns anos. Mas o Santos passou por cima de tudo e de todos e sagrou-se campeão paulista de 2006.

E quantos apostavam no Santos? Ninguém. O Santos, no papel, era o time mais fraco dos grandes. O Corinthians/MSI era campeão brasileiro e vinha com muitas estrelas estrangeiras, o São Paulo vinha cheia de banca por ser tri e o Palmeiras estava com a sede de quem não vê a cor de um caneco há tempos. O Santos era um catado de jogadores sem nome, sem estrela. Reinaldo, o Maldonado e o Fábio Costa não são suficientes para conduzir um time ao título, diziam os críticos. O São Paulo certamente seria campeão.

Seria campeão se não vacilasse tanto. Tropeços inexplicáveis dentro de casa tiraram o título dos são-paulinos. Já o Santos, com dez vitórias em dez jogos em casa, papou.

Ninguém explicou como o catado de jogadores meia-boca ganhou o título? A explicação está na ponta da língua e tem um nome: Luxemburgo. Foi seu sexto título paulista. E assim como o primeiro, com o Bragantino, com um time sem craques, com uma defesa mais efetiva do que o ataque.

E foi assim. Santos campeão porque venceu mais, porque não perdeu pontos em casa e porque quando a mística da camisa branca enfeitiça, não tem quem segura.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Madureira mora no meu coração


“Eu beijei Madureira, Madureira mora no meu coração”.

No dia em que o grande bamba Jair do Cavaquinho se foi, escrevo estas linhas sobre Madureira. O bairro e o time. O bairro é a capital do samba, reduto da Portela e do Império Serrano. O time conseguiu a proeza de chegar as finais do Carioca. Perdeu o primeiro jogo mas já é vencedor.

Madureira é reduto de bamba. No samba e na bola. Poucos sabem, mas outro Jair, o da Rosa Pinto, começou lá. Fazia uma linha de frente infernal com Isaís e Leléu. Os três acabaram comprados pelo Vasco.

Enquanto, em Conselheiro Galvão este trio brilhava, o pagode comia solto. Paulo da Portela esquentava os tamborins no asfalto e Mestre Fuleiro comandava o batuque no morro.

E lá se foram os anos. E em 2006, no auge da decadência dos times grandes cariocas, eis que ressurge o Madureira. O flamenguista Wilson Batista certamente comporia sambas bem tristes para seu Rubro - Negro. Mauro Duarte também não se animaria com o Fogão. Mas Madureira está em festa. E lá de cima, Jair do Cavaquinho torce e vibra com o Tricolor Suburbano. Da-lhe Madureira.