quinta-feira, 8 de maio de 2008

Salto-alto quebra. E a queda machuca



Oitavas de final da Taça Libertadores da América 2008. Na primeira partida, o Flamengo venceu por 4 a 2 e conseguiu um excelente resultado. O América precisava de um improvável 3 a 0 em pleno estádio do Maracanã. Nas arquibancadas, um pai levava seu filho para comemorar o título estadual, a saída do Joel do comando do time e, favas contadas, a classificação para as quartas de final ...
— Pai, se o Mengão já está classificado, por que vai ter este jogo?
— Ah, meu filho, é só pra cumprir tabela. Ninguém vem aqui na nossa casa e nos derrota. Pode ficar sossegado, filhão!
— Que bom né, pai?
— Você tem que agradecer todos os dias por ter nascido rubro-negro. E olha que sua mãe queria que você fosse botafoguense.
— Aí, não! Botafogo é freguês.
— Freguês é pouco.
— Pai, por que o nosso técnico está ganhando estas placas?
— Porque ele tirou o Flamengo da zona do rebaixamento, colocou na Libertadores e foi campeão carioca.
— E por que ele vai embora?
— Porque ele vai ser técnico da África do Sul, disputar uma Copa do Mundo.
— Mas por que ele não dirige o Flamengo até o final da Libertadores? Aí quando acabasse a competição para o Flamengo ele ia embora...
— É o que a torcida quer, meu filho.
— Pai, este time do Flamengo é o máximo. Eu tiro a mó onda com a molecada botafoguense lá do colégio. É só chororô. Com vascaíno eu não converso, porque são sempre vice. E o Flu só agora fez um time bom, mas que não ganhou nada ainda.
— Dá-lhe Mengo!
(Gol do América)
— Putz. Gol deles. E agora, pai.
— Fica tranqüilo que ainda estamos nos classificando.
— Beleza. O negócio é seguir torcendo. “Eu nunca te esquecerei....”
— “... Onde estiver, estarei...”
(Flamengo perde um caminhão de gols)
— Caramba, se for somar o tanto de gols que o Mengão perdeu no México e o tanto de gols que tá perdendo aqui... Fica perdendo gol a toa aí.
— Não pode.
(Segundo gol do América)
— Puta que pariu.
— Ai meu deus. Tamo fora, pai?
— Ainda não. Que vergonha tomar dois gols aqui no Maracanã e não fazer nenhum.
— Mas ainda estamos dentro, né
— É
— Esquisito se classificar perdendo né, pai.
— Esquisito e perigoso.
— O que, pai?
— Nada, filho. Nada.
(Flamengo perde mais alguns gols e toma o tiro de misericórdia: 3 a 0 para o América. Silêncio nas arquibancadas. Cinqüenta e oito anos depois do Maracanazzo, repetia-se uma tragédia para a massa presente no gigantesco e majestoso estádio da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro)
— E agora?
— ....
(O menino, naquele momento percebe que seu time do coração estava fora. Claro! Uma goleada sofrida em casa e aquele silêncio... Mais alguns minutos de angústia e o juiz apitava. Vexame histórico, mas o menino ficou intrigado com uma coisa...)
— Pai, apesar de tudo, aconteceu uma coisa que você disse que a torcida do Flamengo queria que acontecesse.
(O pai nem conseguia responder, tamanha desolação)
— ....
— Ué, ele deixou de ser treinador só depois de acabar a Libertadores para o Flamengo...

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